Após descer de ônibus, Sóstenes caminha meio quilômetro até o curso (Foto: Jamile Alves)
Morador do interior, ele viaja de ônibus diariamente para estudar na capital. Aos 17 anos, Sóstenes Junior está conseguindo dormir apenas por 4 horas.
A
jornada de quem pretende ingressar em uma universidade pública é longa
e, por vezes, cansativa. Para Sóstenes Júnior, de 17 anos, esse extenso
caminho percorrido até o sonho de estudar medicina já soma mais de 20
mil quilômetros neste ano. Morador de Manacapuru, distante 68 km de
Manaus, ele percorre 136 km por dia, de segunda a sexta, até a capital,
onde se prepara para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em um curso
pré-vestibular. O percurso feito de ônibus é exaustivo, mas não
desanima o estudante. "O esforço não vai ser em vão", garante.
Por
dia, Sóstenes passa cerca de quatro horas dentro de um ônibus. O
coletivo - que transporta estudantes do interior para a capital - deixa a
rodoviária de Manacapuru às 15h. Entretanto, a rotina do estudante
começa logo cedo, às 7h30, quando sai de casa para trabalhar em uma
escola de inglês da cidade. O salário que ganha como professor é
dividido entre as despesas da casa, gastos pessoais e a mensalidade de
um curso preparatório para o vestibular em Manaus.
A
necessidade de ganhar o próprio dinheiro surgiu no início do ano, após
deixar a casa dos pais, situada na comunidade Barroso, próximo de
Manaquiri, a 60 km de Manaus, para estudar na "cidade grande" e morar
sozinho. A decisão foi tomada por conta própria e teve aceitação total
dos pais, de acordo com Sóstenes. "Sempre quis sair de lá para poder
estudar e me tornar médico. Eles confiam em mim e no meu sonho. Deixei
Barroso e fui morar com a minha tia em Manacapuru em 2009", disse.
Antes
disso, entretanto, Sóstenes relatou já ter vivido rotina semelhante a
que tem hoje. O motivo, novamente, foi a vontade de estudar. "Eu sou de
Barroso e ia para Manacapuru quando criança para poder estudar. Eu
viajava de barco todo dia e ainda pegava um ônibus quando chegava na
cidade. Voltava para casa 22h30", relembrou. Com a Ponte Rio Negro
inaugurada no fim de 2011, o estudante não precisa cruzar o rio de
barco, mas o dia-a-dia é igualmente exaustivo, conforme conta.
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"Acordo
cedo, trabalho e volto para casa para me preparar para ir a Manaus. Eu
faço a comida para almoçar e logo depois pego um moto-táxi para ir para a
rodoviária de Manacapuru. O ônibus me deixa na capital, perto do curso,
por volta das 17h30, e eu vou andando. A aula vai até as 22h30. De lá,
pego um ônibus para a Praça da Saudade (Centro de Manaus) para pegar o
ônibus de volta a Manacapuru, às 23h. Chego na rodoviária perto de uma
da manhã, aí eu pego o moto-táxi de novo para chegar em casa", detalhou
Sóstenes ao G1.
Mesmo após o dia longo, o
estudante encontra tempo para estudar até de madrugada. Apesar de ter
apenas quatro horas de sono por dia, cansaço nunca foi motivo para
faltar as aulas em Manaus, segundo ele. Nos finais de semana, Sóstenes
se reveza entre tarefas domésticas, como lavar roupa e arrumar a casa, e
reforço dos conteúdos para o Enem. Tempo para relaxar, de acordo com
ele, "só mesmo dentro do ônibus", brincou.
Sóstenes Júnior, de 17 anos, saiu de comunidade do interior do AM para estudar na região metropolitana do estado (Foto: Jamile Alves/G1 AM)
Sóstenes Júnior, de 17 anos, saiu de comunidade do interior do AM para estudar na região metropolitana do estado (Foto: Jamile Alves/G1 AM)
A
ampla concorrência para o curso de medicina é um grande obstáculo, mas
que não intimida Sóstenes. Confiante, ele sonha em orgulhar os pais com a
aprovação no Enem. "Eu sei que é difícil passar para medicina, mas eu
tô me esforçando muito, não só com as viagens para Manaus. Eu estou
estudando mais, dando tudo de mim. Tenho fé que nada disso vai ser em
vão e que um dia vou chegar lá", concluiu. Fonte: G1
e http://www.gabaritofinal.com.br/2014/11/sonho-de-ser-medico-atraves-do-enem-faz.html
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