Projeto reserva 60% das vagas em concursos para residentes no AM e gera polêmica

 
Para especialistas, o projeto fere o princípio da isonomia.
Segundo autor da proposta, o projeto visa evitar que pessoas de outros Estados façam o concurso, depois saiam e deixem a vaga em aberto Manaus - Um projeto que reserva 60% das vagas de concursos públicos do Estado para pessoas que comprovem morar no Amazonas a pelo menos seis meses, começou a tramitar, ontem, na Assembleia Legislativa do Estado (ALE). Para especialistas da área de Direito, a proposta é inconstitucional.
 
O projeto, de autoria do deputado Belarmino Lins, prevê que o período de residência seja comprovado com contas de água, luz ou do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU), dos seis meses antecedentes à inscrição no concurso.
Segundo Lins, a proposta visa evitar que pessoas de outros Estados façam o concurso, depois saiam e deixem a vaga em aberto. “Concurseiros de outros Estados concorrem, passam, são homologados, desistem, vão embora, e continua a vacância de cargos no Estado”, disse.
Para o professor de Direito Administrativo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Antônio Cecílio Moreira Pires, o projeto é “totalmente inconstitucional” porque fere o princípio da isonomia, que diz que todos são iguais perante a lei, e da impessoalidade, que diz que a administração não pode beneficiar um grupo específico se não beneficiar a todos.
“Nenhum ato pode beneficiar ou prejudicar quem quer que seja. Então, por que prestigiar aqueles que moram no Amazonas se o objetivo é selecionar os mais qualificados para aqueles cargos que o Estado busca prover? É um ato que não tem razoabilidade”, disse.
Opinião semelhante tem o presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais da Ordem de Advogados do Brasil no Amazonas (OAB-AM), Yuri Barroso Dantas.
Segundo ele, o ponto de vista do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação às cotas, de que elas visam “remediar certas desvantagens de parcelas da população historicamente menos favorecidas”,  não se aplica a este projeto.
“Com todo respeito, o que me parece é que o projeto não pretende suprir qualquer desvantagem dos amazonenses em relação aos brasileiros residentes em outros Estados; mas, sim, criar uma ‘reserva de mercado’, que não promove qualquer aspecto do princípio da igualdade”, afirmou. Para ele, o projeto fere o princípio da isonomia.

FONTE:  http://new.d24am.com/noticias/concursos/projeto-reserva-60-vagas-concursos-para-residentes-gera-polemica/125234

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