Uma
moradora de Ipatinga, no Vale do Rio Doce, surpreendeu a todos com sua
força de vontade para aprender: aos 97 anos, Chames Salles Rolim
finalmente realizou o sonho de se formar em Direito. Ela fez o curso na
Fadipa (Faculdade de Direito de Ipatinga) e recebeu o diploma no dia 7
de agosto. Na última quarta-feira (16), Chames visitou o fórum da cidade
para cumprir as últimas exigências acadêmicas e acompanhar audiências,
além de produzir relatórios.
Saiba tudo sobre concursos públicos: Siga-nos no TWITTER:
Curta no FACEBOOK:
A
cerimônia foi no auditório Fiemg, no Centro de Desenvolvimento de
Pessoal da Usiminas (CDP). A graduação da idosa de 97 anos está sendo
festejada por familiares, amigos e até por desconhecidos, de diferentes
Estados brasileiros e também do exterior. Diariamente, a formanda recebe
inúmeras mensagens de parabéns.
(clique para ampliar)
Dona
Chames, como é carinhosamente chamada pelos amigos, não esconde quais
são seus planos para depois da conquista do bacharelado: auxiliar a
sociedade compartilhando o conhecimento adquirido. "Sei que a minha
idade não me dá muito prazo. Por isso, o que eu quero é ser útil a quem
me procurar, compartilhar o conhecimento. E se eu não souber responder
algo, orientar a pessoa a buscar quem saiba", frisou.
Qual
o segredo de tanta lucidez? Chames responde sem titubear: “Não ter
raiva de nada nem de ninguém. Não produzo toxinas no meu organismo”. Ela
acorda todos os dias às 4h30, faz hidroginástica na piscina de casa e
depois toma uma dose de uísque. “Adoro. Até ganhei uma garrafa do meu
filho ontem”.
O motorista
Milton Siqueira, 51, que trabalha na casa há 40 anos e é chamado de
filho, diz que não aguenta o pique de dona Chames. “É uma garota muito
esperta. Com ela não tem tempo ruim”.
Perseverança
Chames
Salles Rolim nasceu em Santa Maria do Itabira e se mudou para Santana
do Paraíso aos três anos. Durante a maior parte da vida, trabalhou na
farmácia do marido, com quem ficou casada por 63 anos. Atualmente, mora
em Ipatinga com um de seus dez filhos.
Fazer um curso superior
sempre foi um sonho da nonagenária, mas ela só decidiu entrar para a
faculdade após a morte do marido, que era bastante ciumento e não
aprovava a ideia. Apaixonada pelo universo de conhecimentos que o
Direito lhe abriu, a estudante afirmou que se fosse mais nova, se
matricularia no curso outra vez. “No Direito, há sempre muito a
aprender. Esses cinco anos foram maravilhosos”, confessou.
A
estudante dedicada, que é absolutamente lúcida e ativa, pratica
hidroginástica todas as manhãs, tem o hábito de escrever poesias e diz
preferir as madrugadas para estudar, por conta do silêncio.
Às
7h30, dona Chames Salles Rolim estava dentro da sala de aula e era uma
das primeiras a chegar. E foi assim nos últimos cinco anos até atingir a
meta: a colação de grau. No último dia 7, ela recebeu o diploma de
bacharel em direito aos 97 anos.
(clique para ampliar)
Natural
de Ipatinga, no Vale do Aço, dona Chames é a universitária mais velha
do país. Conforme o último Censo da Educação Superior, de 2012, somente
ela e uma outra senhora, poucos meses mais nova, estavam matriculadas em
cursos presenciais nessa faixa etária.
Simpática,
sempre sorridente e com uma inteligência de se admirar, dona Chames
cativa qualquer um com suas gargalhadas. “Dizem que eu sou a estudante
mais velha do mundo, mas me considero apenas mais uma na sala de aula”,
conta, satisfeita. Os filhos, os netos e os bisnetos apoiaram a
empreitada da matriarca da família na Faculdade de Direito de Ipatinga
(Fadipa).
Sobre as pessoas que
colocam na idade a justificativa para não mais aprender, ela comenta com
a palavra francesa “paresse”, que significa preguiça.
(clique para ampliar)
“A
gente sempre pode aprender, mesmo que seja a conviver melhor com as
pessoas”. Além do conhecimento jurídico, a universitária afirma que
levará da graduação as lembranças de cada professor, o carinho recebido e
a saudade dos amigos. “Isso ficará pra sempre”, finalizou.
Para
quem foi casada 73 anos parece impossível nunca ter discutido com o
marido, mas ela garante que não perdia tempo com brigas. “Só dá trabalho
para fazer as pazes depois”, diz.
Foi
o companheiro farmacêutico que não deixou Chames cursar filosofia no
passado. Ela trabalhou com o marido na farmácia por mais de 60 anos.
“Cheguei a me matricular, mas ele me requereu em casa e larguei o
curso”. Dez anos após a morte dele, Chames resolveu encarar o desafio.
“Não sei se ele está muito satisfeito comigo agora”, indaga.
Visita ao fórum de Ipatinga
Na
última quarta-feira, dona Chames esteve no fórum de Ipatinga para
cumprir um dos últimos requisitos para a conclusão do curso. Ela
acompanhou audiências e produziu relatórios. A idosa revelou que foi a
primeira vez que esteve no prédio. “Não conhecia nada aqui e nem sabia
como funcionava na prática, mas estou assimilando o máximo que posso”,
comentou.
Das audiências
da 1ª Vara de Família, a formanda destacou a satisfação provocada pelas
conciliações. “Participei de audiências de divórcio e de alimentos com o
juiz Carlos Roberto de Faria e achei espetacular ver os casais chegando
a um acordo”, disse.
Já
sobre as audiências criminais, a universitária ressaltou a capacidade
que têm de entender mais a essência humana. “Nessas audiências, passamos
a conhecer melhor o ser humano. Vemos além das aparências”, avaliou.
Conheça o MAIOR e MELHOR grupo de estudos da internet (mais de 142.000 membros inscritos): https://www.facebook.com/groups/gabaritofinal/
Exemplo
A
presença da estudante chamou a atenção dos servidores públicos. O juiz
da 1ª Vara Criminal, Luiz Flávio Ferreira, comentou ter ficado surpreso
com a participação de dona Chames nas audiências. “A presença dela traz
motivação para todos nós. É um grande exemplo”.
Impressionado pelo interesse e curiosidade
da formanda pelos fatos das audiências, o promotor de Justiça Samuel
Saraiva Cavalcante elogiou a determinação da universitária. “É um grande
privilégio conhecer um exemplo como a dona Chames. Não tenho dúvidas
nenhuma de que ela muito ensinou e ensina a todos que conviveram com ela
durante a faculdade”.
O
defensor público Alexandre Heliodoro dos Santos, por sua vez, também
destacou o estímulo trazido pela visita da nonagenária ao fórum. “É
tocante poder presenciar essa lição viva de perseverança e determinação.
Que possamos nos espelhar na dona Chames para atingirmos nossos
objetivos”, exclamou.
Ela
acredita que a instrução é o primeiro passo para a transformação social.
“O ser humano deve aprender a distinguir entre o bem e o mal e, para
isso, precisa ter acesso a uma fonte esclarecedora. Se eu puder ajudar
nisso, ficarei muito feliz”, ressaltou.
Fonte: Gabarito Final
Nenhum comentário:
Postar um comentário