O BARULHO DA REDE

Antes de ser um concurseiro, tive uma breve carreira como jogador de futebol profissional, se bem que na verdade eu era goleiro, ou seja, não era jogador era sofredor........ Leia mais.


 Mesmo que muitos dos que hoje lêem essa mensagem, achem que devia ser ótima minha vida , afinal fazia o que gostava. Mas posso te dizer que hoje sim, realmente faço o que gosto, e no mundo do Futebol há muita coisa alem do simples fato de jogar no domingo, então, isso já é outra história

Bom mas voltando ao assunto que interessa aqui, com 18 anos jogava no Passo Fundo EC, e fui vendido para equipe do São Caetano SP, para atuar na equipe de juniores, fiz uma temporada regular no campeonato Paulista e como as oportunidades são poucas, acabei sendo emprestado para o time B do São Caetano, que na época era o Clube Atlético Lençoense (CAL). Tinha que tentar fazer uma boa temporada, para quem sabe retornar ao São Caetano, na equipe profissional. E nesse período foi marcado um amistoso entre o time profissional do São Caetano, contra nós do CAL.

Senti que aquela era a chance de provar que merecia ser goleiro do São Caetano, na época o goleiro do São Caetano era o Silvio Luis, (que chegou a ser convocado para Seleção Brasileira) , e muito gente boa, lembro que quando treinava junto com ele nos profissionais sempre dava dicas e brincava comigo. Bom meu sonho aquele momento era conseguir voltar para la e conseguir ser o reserva dele, afinal naquela época era um bom salário equivaleria hoje a R$ 6.000 a R$ 10.000 , afinal o São Caetano era um time modelo com dinheiro, cujo patrocinador era o Samuel Klein dono das Casas Bahia, torcedor fanático do Azulão.

Mas voltando novamente ao assunto, aquele era o momento de fazer uma grande partida e quem sabe voltar. Naquela tarde minha mãe, que estava morando em São Caetano desde que tinha ido embora para São Paulo, foi assistir a partida no Campo de treinamento , lembro que ela ficou atrás do gol, era um jogo treino, sem torcida, exceto minha pequenina mãe, naquela tarde me sentia bem e tinha esperança de fechar o gol, mas nem sempre é da forma que planejamos, maioria das vezes posso dizer, sei que começou o jogo, e como nosso time era mais fraco, o São Caetano veio para cima desde o inicio, fiz algumas defesas boas mas logo saiu o primeiro gol , e logo o segundo,final primeiro tempo dois a zero.

Mas mal sabia eu que o segundo tempo estava para vir o pior, fizemos um gol, 2 a 1, mas numa bola chutada sem ângulo, na altura da minha cabeça, uma defesa fácil, fiz o movimento de pegar a bola e já estava pensando em jogar la na frente, mas escapou da minha mão e caiu atrás de mim dentro do gol no fundo das redes.

O barulho da bola batendo na rede é algo que perturba qualquer goleiro, mas naquela tarde, aquele foi muito pior, afinal, no momento que menos podia falhar falhei, e tive que ser muito forte naquela hora, respirar fundo e buscar a bola no fundo das redes, e logo atrás a poucos metros estava minha mãe, e aquela sensação que eu sentia, era de estar decepcionando ela , e sinceramente eu estar sofrendo tudo bem, porque eu estava preparado para isso, mas fazer aqueles que você ama sofrer, como o caso da minha mãe, doía muito, mas muito mesmo.

Mas não para por ai, depois daquele gol, quando já estava no final do jogo, o zagueiro recuou a bola para mim, dominei e chutei, mas estava pressionado, e quando vi a bola deu nas costas do centroavante e poderia ter ido para qualquer lugar, mas foi justamente cair dentro do gol.

Não há como negar que, foi um dos piores momentos da minha vida. Novamente respirei fundo caminhei em direção ao gol, com a cabeça erguida, como se nada tivesse acontecido, mas por dentro estava destruído, mas sabia que naquele momento, o que eu estava sentindo não poderia transparecer, pois não queria que minha mãe sofresse me vendo abatido, então mesmo caído e sabendo que todo meu sonho de voltar, foi jogado fora naqueles dois erros, me mantive forte até o final do jogo. Foram 05 ou 07 minutos mais longos da minha vida. Ao acabar o jogo, sai e fui para o vestiário, depois ao entrar no ônibus me despedi de minha mãe, e voltei para a cidade de Lençóis.

Sei que naquela viagem de 4 horas, só pensava naquelas duas jogadas, naqueles dois momentos que acabaram com meus projetos de retornar a São Caetano, e ali foi o momento em que as lagrimas caíram, e foi necessário que caíssem, e nunca me envergonharei disso , pois tem de ser homem, é para demonstrar os sentimentos.

Mas aprendi naquele dia, que existe a hora certa para chorar, porque têm pessoas que se espelham em nós, pessoas que confiam e que dependem de nós, como hoje minha esposa e filha. E nos concursos, por várias vezes, quando tudo dava errado tinha que me manter intacto diante delas. Quando anularam o concurso de OJ, quando fui eliminado na redação do MPU, não poderia fazê-las sofrer mais do que já sofriam por não me ter ao lado, enquanto estudava, enquanto ficava em cima das apostilas.

Então a madrugada, era o momento de chorar e colocar aos pés de Deus tudo o que sentia, e como diz na Bíblia “quando sou fraco é que sou forte”, isto era o que acontecia, pois eu estava fraco e quebrado por dentro, mas Deus me fazia forte e no outro dia eu levantava novamente para guerrear e começar a estudar para o próximo concurso, e com mais vontade do que antes de conseguir a aprovação.

Mas uma coisa era necessária, chorar e deixar para trás toda derrota, mas na hora certa. E é isso que deves fazer manter se forte no momento da derrota, diante dos outros, mas não perder o momento de colocar tudo para fora, e ser alguém que sofre, mas que levanta e vence. A vitória é nosso ultimo destino, a derrota é sempre temporária, pois sei que Deus nos criou para vencer.




Deus te abençoe grandemente
Um grande abraço e bons estudos.



“A minha força vem de um Deus que faz milagres
Minha fé vai além do impossível.”
(Fernanda Brum)

"Toda honra, toda glória, majestade e louvor
A  Jesus meu Salvador. Que levou sobre mim toda culpa toda dor.
Santo Santos é o Senhor "
(Eyshila)

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