A história de um aprovado no vestibular de medicina aos 83 anos


A história de um aprovado no vestibular de medicina aos 83 anos

GOIÂNIA — O empresário goiano Valdomiro de Souza, de 83 anos, vive um momento especial. No final do ano passado, foi aprovado em 42º lugar no vestibular de Medicina de uma faculdade privada, em Aparecida de Goiânia, em Goiás. Agora, enfrenta a maratona diária de aulas das 7h às 19h, em tempo integral, Era um sonho de criança.
— Queria ser médico. Passei a maior parte da minha vida sonhando estar vestido com jaleco branco, percorrendo os corredores de hospitais, atendendo e examinando pacientes com o estetoscópio pendurado no pescoço — conta ele.


Souza disputou quatro anos seguidos a vaga. Nas duas primeiras vezes, não passou. Mas não desistiu:
— Quando alguma coisa sai errada, é mais fácil desistir, não é mesmo? Então, tratei de levantar a cabeça, estudar mais e dar a volta por cima.
O curso de Medicina é o segundo na vida do empresário e fazendeiro, que começou a vida trabalhando como pedreiro, e, depois, técnico de contabilidade. Em 2000, aos 70 anos, se formou em Direito.
— Entrei no escritório como servente, mais tarde saí contador e gerente, e descobri que para vencer é preciso focar, batalhar e nunca desistir.
Dono de uma fazenda no Mato Grosso, onde explora cultura de soja e cria gado de corte, ainda não tinha desistido do desejo original de ser médico.
— O diploma de Direito deu mais força. Descobri que a minha alegria não estava no dinheiro, mas no sonho de ser médico.

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'QUANDO VI A LISTA DE APROVADOS, O CORAÇÃO DISPAROU'
No final de 2016, ao ver que tinha passado no processo de seleção da faculdade de Aparecida de Goiânia, que fica na região metropolitana da capital do estado, festejou.
— Quando vi meu nome na lista dos aprovados, o coração disparou, custei a acreditar. Desde os 20 anos de idade, quando disputei a vaga pela primeira vez,alimentei o sonho e, a cada uma das quatro reprovações, parecia que o meu objetivo ficava mais distante.

INÍCIO DA CARREIRA AOS 91 ANOS

Pai de duas filhas — uma médica e outra advogada —, Valdomiro de Souza prevê que vai se formar em 2023, quando tiver 89 anos. Planeja mais dois anos de especialização em geriatria.
— Em 2015, aos 91 anos, estarei cuidando e tratando doenças dos velhinhos como eu. Também vou ensiná-los a sorrir, se divertir, dançar, se alimentar corretamente, ter cuidados na hora de ingerir medicamentos sem receita e, para aqueles com mais de 60 anos, incentivá-los a namorar e a caminhar pelo menos quatro quilômetros todo dia.
Para os colegas de turma, como Larissa Peres de Moraes, de 21 anos, aprovada em 10ª colocação no vestibular de janeiro deste ano, Valdomiro é um estudante alegre.
— O Valdomiro está sempre animado e se tornou um exemplo de determinação e de vida para o grupo. Nunca reclama, não faz corpo mole, é dedicado aos estudos.
Ana Coutinho, supervisora do curso, observa que o tratamento e o relacionamento entre os colegas tem sido d e muito respeito.
— O Valdomiro é determinado e corajoso — afirma ela.
Já Leidiane Vaz da Silva, da Coordenação Geral, entende que o aluno se destaca pela perseverança e alegria.
— Aos 83 anos, fazer um curso forte, puxado e ainda permanecer bem disposto no final do dia o torna exemplo de perseverança, alegria e dedicação — pontua ela.

Especial para O GLOBO

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